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13 de outubro de 2011

(In) feliz dia dos Professores.


Dia 15 de outubro comemora-se o dia do Professor.

Mas convenhamos, há muito que não temos nada pra comemorar. Muito pelo contrário.

Foi-se a época em que ser Professor era sinônimo de respeitabilidade e admiração.

Hoje, vemos que esse cara tá cada vez mais desprestigiado na sociedade.

É só verificar o que temos que aguentar em sala de aula dos nossos alunos, que vêm de casa sem aquela educação formal, sem saber o significado de respeito e hierarquia.

Lógico que essa insignificância diante da importância desta profissão é fruto de uma cultura brasileira falida. Em todos os demais continentes, o Professor ainda é o cara da vez.

Eu já escutei de tudo de alunos e colegas. Principalmente aquela da pessoa desconhecida que pergunta depois que você diz a tua profissão: "Mas você trabalha?". Tipo, faz alguma coisa de útil?

Bom, eu tenho me deparado a cada ano com tipos que viraram professores da noite pro dia, cujas causas do ocorrido variavam conforme a necessidade. Uns não encontraram emprego em mais nada e são profissionais sem credibilidade em suas áreas, aí vão ser professores para garantir o salarinho no fim do mês.

Conheci aquela professora da Fafi que falou pra uma aluna que o trabalho dela era um merda...

Tem também aquela professora do ensino médio que pega os alunos na balada, aqueles professores da graduação que pegam as alunas que precisam de nota...e aqueles professores que acham que sabem tudo e que são o supra-sumo da classe e que na verdade, se o data show não funcionar, foi-se a aula. E aqueles que, em todos os momentos, atacam com o discurso da “motivação”, aprendido naqueles livros obsoletos estadunidenses da década de 70, que pregavam o “se sentir bem” pra trabalhar melhor. Trabalho esse que também englobava o que o professor fazia em sala de aula com seus alunos. Por este fato ocorreu a profissionalização do professor, que acabou virando um funcionário, um empregado qualquer, perdendo seu status de mestre, sendo considerado com mais uma força de trabalho que tem que vestir a camisa da empresa, pensar no marketing da escola, alcançar metas e por fim, dar conta do que faz pro seu supervisor/coordenador de curso.

Conheci também aqueles que nasceram pro negócio. Na minha formação encontrei muito mais essas espécies raras do que os genéricos, ainda bem!!

Mas pra falar em professor genérico, piores são aqueles caras que são bacharéis e nunca compreenderam o significado da aula, da avaliação, da preparação do conteúdo, da leitura prévia dos assuntos que rodeiam o conteúdo principal, da importância em dar significado para aquele conteúdo, enfim, do que é ser Professor com P maiúsculo.

Eu sei lá o que veio antes, a desqualificação da classe por conta do desleixo dos professores mais velhos ou a falta de incentivo do Estado na formação continuada do sujeito. Só sei que, ainda o que é reivindicado por quase todos é um salário "digno". Digno de que? Enquanto o professor não voltar a se achar importante, é total perda de tempo ficar mendigando aumento. A voz uníssona é aquela que requer remuneração e não aquela que exige condições materiais, infra-estrutura e formação melhores.

Faça um resgate do imaginário e recorde dos teus professores. Irá perceber que os melhores eram os da escola tradicional, aqueles que cobravam, que eram exigentes, que não queriam ser amigos e cair junto na festa, que se colocavam como mestres, que eram assexuados, que falavam e escreviam no quadro negro a aula toda, que não usavam metodologias absurdas pra matar aula e que não transformavam o sagrado momento da aula em um show de cursinho pré-vestibular, faltando apenas o nariz de palhaço pra completar a cena.



Não tenho nada pra comemorar. Embora ainda tenha o brilho nos olhos quando entro em sala, não tenho nada pra comemorar.
http://evinhophoto.tumblr.com/


 

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