"Panem et circences". Enquanto o povo passava a pão (e muito vinho) e ficava se entretendo com os homens que eram comidos pelos leões nos coliseus romanos, os imperadores lavavam a égua de roubar, planejar e organizar seus sórdidos atentados contra aqueles que discordavam de seu modo de governar Roma e todo o Império Ocidental. Essa história muito se parece com a nossa, só que o esporte é outro, a bebida é outra, mas o intuito do entretenimento para nutrir a ganância e encher os bolsos, cuecas, meias, malas, estômagos, nariz e outros orifícios mais continua o mesmo.
"Pão e circo" era a máxima dos imperadores romanos para ludibriar o povo na Idade Antiga. Cerveja, futebol (e maconha) são os combustíveis da contemporaneidade para inflamar um povo ignorante que acredita que o jogo de futebol é decidido dentro do campo em 90 minutos por 22 jogadores, 02 técnicos e pela arbitragem.
Há muitos anos o futebol de mídia deixou de ser um esporte para ser um produto espetacularizado, em que os atores/atletas representam o futebol/arte ou entretenimento, em que a competição não existe mais, e sim um espaço de apostas onde o jogo é um produto vendido e que gera renda e lucro para o patrocidador, que por sua vez não pode ver o seu time perder, porque ele também perde.
Hoje o esporte de mídia acaba com a competição limpa a medida que imprime no atleta um preço. Ele passa a ter um valor no mercado do merchandising, portanto a sua roupa, sua comida, o creme de barbear, seu corte de cabelo, o restaurante que frequenta, suas preferencias sexuais ficam subsidiadas ao patrocinador.
Nesta perspectiva, acontece a coisificação do atleta. Ele perde a condicação de gente e ganha o status de coisa que tem preço. O seu maiô é testado pela Nasa e é deste material que depende sua performance para ganhar a competição...
Então eu sempre pergunto para os meus alunos: O que representa para o mundo, para você, nadar mais rápido, correr mais rápido? Pare e pense: treinar uma vida inteira para correr mais rápido...e daí?
Qual o sentimento de ter um time campeão ou rebaixado para a segunda divisão do campeonato brasileiro, que é meu caso, sou torcedora do Coxa, no diz seguinte? É um sentimento tão efêmero...bem diferente daquele intenso na hora. Porque é exatamente esse o objeto do desejo do esporte midiático. Fazer da massa um senso comum em relação ao sentimento sentido. O que causa fúria, raiva, sentimento de posse do título, da conquista, leva o torcedor a colocar para fora todas as suas frustrações pessoais, como se ele fosse o 12o jogador, faz dele alguém com super-poderes. E quando o time perde? A mesma coisa. Ele quer se vingar de tudo e todos, ele é o próprio vingador. Coloca para fora tudo de ruim e é capaz de matar e de morrer.
Tudo isto está na literatura. É fato. Já foi estudado. Mas, enquanto a educação continuar falida, haverão torcedores acreditando que o futebol, fórmula I e outros esportes de mídia são decididos no peito e na raça. Vou continuar arrumando minha árvore de Natal, quem sabe o Papai Noel estacione suas renas aqui na rua de casa né...rssss